Tipos de cuidadores
Cuidadores

Tantos tipos de cuidadores. Que confusão!!

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Tantos tipos de cuidadores…que confusão!!

Provavelmente, já ouviu, viu e/ou leu nalguma parte algo sobre o envelhecimento da população e chegou a deparar-se com palavras tais como “cuidados”, “cuidador”, “cuidador formal/informal”, “cuidador principal/secundário”….ficando-se a pensar e perguntar: “Que confusão!! Tantos tipos de cuidadores”, “O que é isso?”, “Que grande salsada é essa?”. Respire fundo, esta confusão está a ponto de se transformar em algo mais claro que água pura.

O ato de cuidar

     Segundo Marie Françoise Collière, o cuidar está na origem de todas as culturas. Desde o início da humanidade, o ato de cuidar, isto é, os cuidados à mulher grávida, às crianças, aos idosos, aos doentes…, foca-se no conceito de sobrevivência: luta contra a fome, luta pela segurança, proteção dos filhos/netos, luta contra a doença…

     A vida é tão frágil, vulnerável e, ao mesmo tempo, forte e resistente. Para tal, ela necessita de cuidados, atenção, vigilância e paciência. A vida do Homem não é exceção. Para sobreviver, o Homem agrupa-se com outras pessoas cuidando-se uns dos outros através da repartição de tarefas de acordo com as capacidades e aspirações de cada um. Surge assim o início da sociedade e o ato de cuidar como atividade permanente, diária e um dos atos fundamentais da vida.

     Tudo bem, mas e na prática?

     Na prática, o cuidado ao idoso mantém o foco no conceito de sobrevivência e de cuidar da vida. O idoso, tal como todas as pessoas, necessita de diversos cuidados para poder viver em segurança e o mais saudável e autónomo possível.

     Estes cuidados agrupam-se em 2 tipos em função das atividades realizadas:

    • Atividades Básicas de Vida Diária (ABVD)_ são todas as atividades que se referem ao autocuidado (atividades fundamentais para a sobrevivência) tais como: comer, tomar banho, vestir-se/despir-se, ir à casa de banho, deslocar-se…
    • Atividades Instrumentais de Vida Diária (AIVD)_ são as atividades relacionadas com tarefas mais complexas tais como arrumar a casa, telefonar, viajar, fazer compras, cozinhar, gerir o seu dinheiro…

O cuidador

     Normalmente, qualquer pessoa que seja saudável, autónomo e independente consegue realizar sozinha estas tarefas, isto é, a pessoa é capaz de cuidar de si própria (o chamado autocuidado).

     No entanto, quando a pessoa adoece e já não consegue cuidar-se sozinha, ela precisa de alguém que a ajude e acompanhe. Ela necessita de um cuidador.

     Um cuidador ajuda uma pessoa que o necessita nas diferentes atividades diárias, podendo expressar-se de diversas formas:

    • Supervisão;
    • Acompanhamento (à consulta médica, por exemplo);
    • Apoio emocional e psicológico;
    • Tarefas domésticas (arrumar a casa, cozinhar, fazer compras…);
    • Tarefas administrativas (gestão do dinheiro, pagar contas, preencher documentos…);
    • Cuidados pessoais (higiene, alimentação, vestir-se/despir-se…);
    • Possibilitar o convívio do idoso com a família e os amigos;
    • Entre outros.

Tipos de cuidadores: o cuidador formal/informal

     Em caso de dependência de um membro da família e fique decidido que a prestação de cuidados será realizado no domicílio, a pessoa doente (se possível) e a família deverão optar por contratar um profissional e/ou designar um ou mais membros da família que ficará responsável pelos cuidados a prestar.

     Quando se trata de um profissional, trata-se de um cuidador formal. Um cuidador formal é uma pessoa com formação e preparação profissional, remunerada ou não (caso seja um voluntário) ligada à uma instituição (Serviço de Apoio Domiciliário, por exemplo) para a prestação de cuidados à pessoa doente no seu domicílio.

     Quando se trata de um membro da família ou da comunidade (amigo, vizinho) que presta os cuidados de forma parcial ou integral sem qualquer remuneração, ele é chamado de cuidador informal.

Tipos de cuidadores: o cuidador principal, secundário e terciário

     Relativamente ao cuidador informal, ele pode pertencer a um dos 3 seguintes grupos em função da sua responsabilidade, tipo de ajuda e frequência desta:

    • Cuidador principal_ é aquele sobre o qual é depositada a responsabilidade pela prestação de cuidados, ou seja, cabe-lhe a ele a responsabilidade total de supervisionar, orientar, acompanhar e/ou cuidar diretamente a pessoa que necessita de cuidados.
    • Cuidador secundário_ pessoa que, embora, presta uma assistência regular, tem um envolvimento secundário quando comparado com o cuidador principal. Proporciona a maior parte da ajuda nas tarefas menos instrumentais e intensivas (por exemplo, apoio emocional, compras e deslocações ao exterior). É uma pessoa complementar relativo à prestação de cuidados podendo substituir, temporariamente, o cuidador principal em caso de indisponibilidade deste último.
    • Cuidador terciário_ cuidado desempenhado por um familiar, amigo ou vizinho próximo que ajuda de forma esporádica ou somente quando solicitado, nomeadamente em situações de emergência, sem qualquer tipo de responsabilidade pelo cuidar.

Conclusão

_  O ato de cuidar existe desde os primórdios da Humanidade e tem como principal objetivo a sobrevivência do ser vivo.

_  Existem 2 tipos de cuidados baseados no tipo de atividades:
    • Atividades Básicas de Vida Diária (comer, tomar banho, vestir…);
    • Atividades Instrumentais de Vida Diária (arrumar a casa, tomar medicamentos, pagar as contas…).

_ Há 2 tipos de cuidadores:

    • Cuidador formal (profissional);
    • Cuidador informal (membro da família, amigo, vizinho):
      • Cuidador principal (executa a maior parte da prestação de cuidados e é o responsável dessa ajuda);
      • Cuidador secundário (é complementar ao cuidador principal);
      • Cuidador terciário (ajuda pontualmente e em caso de emergência).

E agora desafie os seus conhecimentos com a nossa sopa de letras.

Bibliografia

  • Félix, A. Quem cuida do cuidador? O custo invisível do acto de cuidar. Aveiro: Secção Autónoma de Ciências da Saúde da Universidade de Aveiro, 2010.
  • Fernandes, C. Cuidar do Doente Paliativo no Domicílio: Sobrecarga do Cuidador Informal. Porto: Faculdade de Medicina da Universidade do Porto, 2012.
  • Fonseca, T. Sobrecarga, depressão e generatividade em mulheres cuidadoras informais. Lisboa: Faculdade de Psicologia da Universidade de Lisboa, 2010.
  • Freitas, E., Py, L. Tratado de geriatria e gerontologia. 4ª Ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2016.
  • Gonçalves, A., Sena, R. Assistir/cuidar na enfermagem. Rev. Min. Enf. 1998; 2 (1): 2-8, jan./jun.
  • Grelha, P. Qualidade Vida dos Cuidadores Informais de Idosos Dependentes em Contexto Domiciliário. Lisboa: Faculdade de Medicina da Universidade de Lisboa, 2009.
  • Lemos, J. Avaliação das dificuldades dos cuidadores informais de idosos dependentes. Bragança: Escola Superior de Saúde do Instituto Politécnico de Bragança, 2012.
  • Pereira, A. Cuidadores familiares e idosos dependentes: perfil, motivos e satisfação com a vida. Aveiro: Secção Autónoma de Ciências da Saúde da Universidade de Aveiro, 2008.
  • Saraiva, S. O cuidado informal ao idoso dependente: impacto no cuidador primário e secundário. Aveiro: Secção Autónoma de Ciências da Saúde da Universidade de Aveiro, 2008.
  • Vivona, M. Invitation au voyage, Dans un métier exercé essentiellement par les femmes…”Le Prendre-soin”. Pau: Faculté des lettres et des sciences humaines de l’ Université de Pau et des Pays de l’adour, 2011.

 

Para saber mais:

Tornar-se cuidador informal: um desafio

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