Para o dia do cuidador informal, decidi escrever um artigo sobre a síndrome do cuidador informal, um problema muito frequente nos cuidadores. Mas afinal o que é a síndrome do cuidador informal?
A síndrome do cuidador é um estado emocional de ansiedade, tristeza e esgotamento produzidos pelo stress contínuo da pessoa que se encarrega de cuidar de outra, o chamado cuidador.
Esta síndrome é muito mais comum do que se pensa, atingindo de maneira subtil e insidiosa os familiares cuidadores (informais). Geralmente, a prestação de cuidados acumula-se com outras atividades diárias em que o cuidador tem que fazer face, muitas vezes sozinho, acabando por sobrecarregá-lo. Devido a esta sobrecarga, o cuidador experimenta um enorme cansaço físico e emocional fazendo com que perca a paciência rapidamente e acaba por ter comportamentos desadequados à situação (por mais amor que haja entre as duas pessoas), prejudicando assim a relação cuidador-pessoa cuidada.
A pessoa com esta síndrome costuma apresentar certas características típicas tais como: cansaço crónico, irritabilidade, desinteresse pelas suas atividades favoritas, isolamento, estar assustado/a com o futuro, tristeza, aumento ou diminuição do apetite, alterações do humor e do sono, pensar que é a única pessoa capaz de cuidar do familiar doente, etc… Este conjunto de características aumenta os sentimentos de culpabilidade e diminui a qualidade da prestação de cuidados pois, o cuidador, por falta de auto-cuidados (como por exemplo sair com os amigos, reservar um tempo só para si para relaxar, …), acaba por ficar doente e ser ele a precisar de cuidados e de ajuda.
É importante realçar que, relativamente a relação cuidador-pessoa cuidada e aos papéis de cada um, não há inversão de papéis pois, a pessoa cuidada não deixa de ser um adulto por mais ajuda que necessite, sendo fundamental uma redefinição das responsabilidades de cada um a fim de preservar a dignidade e auto estima da pessoa cuidada. Os cuidadores que reconhecem que a pessoa cuidada não é uma criança são os mais preparados para cuidar do familiar doente que se tornará, dependendo de cada caso, cada vez mais dependente.
A fim de prevenir o aparecimento da síndrome do cuidador, este último, deve, em primeiro lugar, estar consciente dos seus próprios limites, aceitá-los e fazer com que sejam respeitados por terceiros. Deve, também estar consciente que a pessoa cuidada não melhorará, dependendo de cada caso, por mais que o cuidador se esforce em ser perfeito. O cuidador não se deve esquecer que é um ser humano e, portanto, tem direito a errar e não se deve sentir culpado por isso nem por ter, às vezes, sentimentos negativos (por exemplo, raiva) para/com a pessoa cuidada e sua família. O cuidador deve cuidar de si próprio diariamente sem deixar lugar à sentimentos de culpabilidade ou a pensar que é egoísta.
Ao lado de cada cuidador que cuide de si próprio há uma pessoa dependente bem cuidada e estimada.
Caso o cuidador apresente algumas das características mencionadas acima, fale imediatamente com um profissional de saúde.
Lembre-se de cuidar de si próprio/a. Às vezes estamos demasiado ocupado(a)s a cuidar dos outros que nos esquecemos de nós próprio(a)s. Você também é importante!
E agora, pronto para testar os seus conhecimentos sobre o síndrome do cuidador informal?