Estão a chegar as festas de fim de ano e, com elas, o frenesim dos preparativos e a comida saborosa mas, sobretudo, a alegria de reencontrar familiares e passar momentos únicos com a família reunida à volta da mesa. Contudo não é assim para toda a gente. Neste momento, há pessoas angustiadas a pensarem como vão sobreviver (sim sobreviver) às festas de fim de ano com a família tóxica.
Ansiedade, medo, sentimentos de culpabilidade, dúvidas entre ir passar as festas de fim de ano com a família tóxica ou ficar no aconchego da casa, entre muitos outros sentimentos, invadem os pensamentos destas pessoas.
“O que será que vai acontecer desta vez?”; “Que críticas e humilhações disfarçadas de frases irónicas/piadas/brincadeiras de mau gosto vou levar?”; “O que se passa comigo, estou a ficar doido/a?”; “Não me apetece ir mas, se não vou, as críticas vão ser piores, a minha família vai “acabar” comigo!?”; “O que vão pensar de mim se não for? Vou passar por ovelha negra da família! Mas, afinal, é a minha família, só quer o meu bem…então, porque sinto-me tão mal?”
Críticas constantes, humilhações disfarçadas de “brincadeiras”, infantilização, chantagem emocional, perguntas dignas da Inquisição, indiscretas ou até mesmo que violam o direito à privacidade/intimidade, manipulação, desvalorização, entre muitos outros, por parte da família tóxica (pais incluídos_ pai e/ou mãe), são o prato do dia das suas vítimas. O que é altamente destrutivo para estas últimas.
Levar com isto tudo por parte de familiares (seja quem for) não é amor. É veneno, é tóxico e destrói!
Tenho uma família tóxica. E agora? Como faço durante as festas de fim de ano?
Respire fundo, nada está perdido. Existem pensamentos e estratégias que permitem um relacionamento mais apaziguado. Veja a seguir as 5 dicas que considero a base para começar a enfrentar e superar a toxicidade da família.
Lembre-se já é um adulto
Quando crescemos neste tipo de ambiente familiar, somos de tal maneira tratados como uns inúteis que, chegados à idade adulta, sentimo-nos crianças pequeninas, inseguras e, sobretudo, que não valemos nada frente aos nossos familiares. Pois, mesmo adultos, a família continua a pôr em causa e a desvalorizar tudo o que nos diz respeito, tal como as escolhas que tomamos e tudo o que fazemos. Para eles, nunca está bem que chegue.
O primeiro passo é lembrar-se que é adulto/a. Já não devemos contas a ninguém, nem mesmo a nossa família. As escolhas e decisões são nossas e de mais ninguém. Só a nós nos diz respeito.
Ninguém é perfeito
Temos que pôr bem na nossa cabeça que ninguém é perfeito, nem nós, nem os nossos familiares e muito menos os nossos pais. Eles não são seres divinos nem perfeitos como eles sempre nos incutiram desde a tenra infância. Temos que fazê-los descer do seu pedestal. São seres humanos como quaisquer outros, nem superior nem inferior aos outros (tal como nós).
As suas opiniões são só isso…opiniões
Na continuação do ponto anterior, eles não são seres divinos e, portanto, também não são donos da verdade, eles erram como toda a gente. Com isto bem em mente, fica mais fácil ter consciência de que as opiniões que os nossos familiares têm sobre qualquer tema e, isso inclui sobretudo tudo o que nos diz respeito, são apenas isso: opiniões/pontos de vista (sim é verdade!). Podemos ter em conta as opiniões deles mas, em momento algum, deve desvalorizar as suas próprias opiniões (elas valem tanto como as deles, no mínimo!).
Impõe limites
Não tenha medo de impor os seus limites. É normal fazê-lo quando sentimos que os outros vão longe demais (família incluída). Temos o direito de dizer BASTA/NÃO. Esta atitude chama-se respeito/amor próprio. Ninguém é obrigado a suportar atitudes e comportamentos desrespeitosos, por parte de outras pessoas (seja quem for) e que ponham em causa a nossa integridade física e psíquica. Não gostou de algo? Diga-o e proíbe a pessoa de voltar a fazê-lo. Se não respeitar os limites que impôs, simplesmente, afaste-se. Não tem nada a perder. Só tem a ganhar, nomeadamente, paz e tranquilidade. Toda a gente merece, sem exceção.
Não quer ir? Não vá! Quer ir embora mais cedo? Vai!
Quem disse que somos obrigados a ir a todas as festas de família, mesmo quando temos uma família tóxica? Onde está escrito que temos que aturar as atitudes e comportamentos tóxicos dos nossos familiares só porque são da família? Quem disse ou onde está escrito que não podemos ir embora antes do final da festa porque já não aguentamos/aceitamos a toxicidade da nossa família? Ninguém e em lado nenhum. Aliás, é um direito nosso não ir a uma festa se não queremos ou ir embora mais cedo se assim o desejarmos. Temos o direito à liberdade de deslocação e à liberdade de escolha (2 dos direitos humanos). Portanto não quer ir? Não vai. Quer sair da festa antes que acabe? Sai. Está no seu direito. Dê prioridade à sua integridade física e psíquica. É mais um direito seu (mais um direito que está incluido na Declaração dos Direitos Humanos). Seja feliz!
BOAS FESTAS!!!