Cuidar de outrem: um ato de amor e empatia com milhares de anos. Já os nossos antepassados pré-históricos cuidavam dos seus membros mais vulneráveis. No entanto, o passar dos anos não permitiu que esse ato se tornasse mais fácil. Tornou-se, sim, diferente e sem comparação possível.
Apesar de todas as informações, acompanhamento dos profissionais da área e os vários equipamentos existentes na nossa época, não há nada nem ninguém que nos prepara para lidar com a doença do nosso ente querido e com a tumultuosa tempestade de pensamentos, sentimentos e emoções que nos submergem. Afinal, quem pode compreender o que se passa na nossa cabeça quando estamos sozinhos face às necessidades do nosso familiar que não conseguimos satisfazer, se não o sentiu na própria pele?
Cuidar dos outros parece ser um constante e solitário desafio!
E a sociedade atual não ajuda! Quem nunca ouviu a famosa frase “Mas, não és tu que estás a sofrer! Tu não estás doente!”? Certo, não estamos doentes (ou estamos e fingimos que não?) mas, por que raio os nossos sentimentos valem menos que os do nosso familiar doente? Porquê tanta desvalorização que nos destrói pouco a pouco? Pensando bem, nós estamos tão comprometidos com o nosso papel de cuidador informal que nos esquecemos da nossa própria essência, das nossas mais básicas necessidades enquanto ser humano e, isso, DESTRÓI.
Não é porque não nos queixamos que não estamos a sofrer. Não o fazemos porque “parece mal”. Este “faz de conta” da inexistência do nosso sofrimento isola-nos ainda mais, quer social quer emocionalmente. Isso DESTRÓI.
Independentemente do diagnóstico, a ansiedade, as dúvidas e o sentimento de estar perdido são pensamentos e emoções comuns à maioria de nós, cuidadores informais. Acabamos, quase todos nós, por recorrer às mesmas estratégias psíquicas para fazer frente a este misto de emoções. Só que…SOMOS TODOS SERES HUMANOS DIFERENTES E ÚNICOS. Portanto, as estratégias que são benéficas para alguns de nós podem ser desastrosas para outros. Por isso, NÃO EXISTEM SOLUÇÕES IDEIAIS.
Em primeiro lugar, devemos ter em conta a nossa própria perspetiva e compreensão dos acontecimentos e, só depois, assimilar e adaptar os conhecimentos e conselhos que nos chegam da nossa rede de suporte. CONFIEMOS EM NÓS E NO NOSSO INSTINTO! Podemos fazer muito pelo nosso familiar mas, somos capazes de muito mais SE CUIDARMOS DE NÓS PRÓPRIOS!
Gostaria de poder dizer que todo o sofrimento, cansaço e tristeza que possamos sentir irá desaparecer com tudo o que possamos ler, ouvir ou ver sobre o assunto, pelos diferentes meios existentes (livros, jornais, programas televisivos, rádio, etc.) mas seria mentir e negar a realidade: por mais preparados que possamos estar, haverá sempre situações contra as quais não podemos lutar.
Aceitação e resiliência relativamente ao acontecimento e, compaixão de nós próprios e das nossas capacidades e limitações são as principais chaves para evitar a nossa própria destruição, porque nós temos valor! Nós somos seres humanos, por conseguinte, somos seres imperfeitos e está tudo bem com isso!
Cuidar sim mas NÃO À AUTODESTRUIÇÃO!
Sabia que nós temos competências para ajudá-lo e acompanhá-lo no seu caminho de cuidador informal com qualidade de vida? Não hesite em entrar em contacto connosco.
Desafie os seus conhecimentos e descubra as palavras a partir das suas iniciais e das suas pistas!