Nos últimos anos, ouvimos frequentemente, por parte de cuidadores informais, frases como “o meu pai sofre de demência,” “a minha tia tem Alzheimer,” ou “António já não conduz porque tem demência.” Demência aqui e ali… Mas, afinal, o que é realmente a demência?
Demência: síndrome, não doença
Não, a demência não é uma doença em si. É, antes, um síndrome—ou seja, um conjunto de sintomas que podem surgir em determinadas condições ou doenças. Este termo genérico refere-se à perda progressiva das capacidades funcionais e cognitivas em indivíduos que anteriormente as possuíam. Afinal, só podemos perder algo que já tínhamos adquirido.
Esta síndrome implica necessariamente a perda gradual de capacidades já adquiridas, tanto cognitivas como funcionais. Esta perda deve ser persistente ao longo do tempo. Por isso, situações como estados de delírio agudo, consumo de drogas, efeitos secundários de anestesia ou medicamentos não se classificam como demência, pois as alterações que provocam não são progressivas nem persistentes.
Critérios para o diagnóstico
Para que seja diagnosticada demência, além da perda persistente de memória, é essencial que estejam presentes uma ou mais das seguintes dificuldades:
- Afasia (perda da capacidade de linguagem): Exemplos incluem ter “a palavra na ponta da língua,” trocar palavras como “gato” por “fruta,” entre outros.
- Apraxia (dificuldade em realizar atividades motoras que não se deve a problemas motores, sensoriais ou de compreensão): Por exemplo, dificuldade em vestir-se, comer sem ajuda ou escovar os dentes.
- Agnosia (incapacidade ou dificuldade em reconhecer e identificar objetos familiares, apesar das funções sensoriais estarem intactas): Como não reconhecer uma chave ou uma escova de cabelo.
- Problemas no funcionamento executivo: Dificuldade em planear tarefas ou organizar projetos na sequência correta. Exemplos incluem cozinhar ou preencher um formulário simples.
Resumo
A demência não é uma doença, mas sim um síndrome caracterizado por uma perda progressiva e persistente de capacidades cognitivas e funcionais previamente adquiridas. O diagnóstico exige a presença de perda de memória aliada a uma ou mais das dificuldades mencionadas, como afasia, apraxia, agnosia ou problemas no funcionamento executivo.
Próximos temas
Para compreender melhor e apoiar os nossos entes queridos com esta síndrome, exploraremos em artigos futuros:
- Os diferentes tipos de demência, como a Doença de Alzheimer.
- As causas e fatores de risco associados a estas condições.